terça-feira, 26 de agosto de 2008

Desumanidade Humanidade

Nessa última segunda-feira, caminhando pela Avenida Paulista, mas não com muita pressa não... que não sou dada a essas coisas, vi um tumulto em meio do trânsito.
Manu que estava comigo enxergou antes: um cachorrinho atropelado!
A pessoa (se é que pode ser chamada assim) que o atropelou foi embora, mas o motorista de trás (que honra o título de pessoa) não conseguiu prosseguir e saiu do carro. Ainda chamou a ajuda de um policial que estava em ronda, mas este se recusou. Sozinho, pegou o bichinho no colo e o levou à esquina.
Desumanidade. Humanidade. Gostaria que o vice versa ganhasse mais força.
Em volta do cachorrinho um grupo de pessoas. Todos e todas perplexos, sentindo-nos impotentes. Uma moça acariciava o bichinho, o rapaz tentava recuperá-lo. Em meio a nós, um outro rapaz se aproximou, viu o bichinho e correu para perguntar a um taxista se havia algum(a) veterinário(a) próximo(a). Ele não sabia. Lembrei de uma ong de defesa aos animais que estava fazendo um trapalho no Casarão da Avenida Paulista, corremos até lá, nada feito.
Na nossa volta, o bichinho já tinha morrido. A perplexão era contínua. Lágrimas, desolação.
A defesa da vida dos animais é garantida para a própria defesa da raça humana. É o que o Direito consagra e acertadamente, ao meu ver.
Essa defesa é da dignidade que tem haver com compaixão, ou seja, pôr-se no lugar do outro, solidariedade, companheirismo.
Alguém que atropela um animal e negligencia é o mesmo alguém que, tendo oportunidade, foge, se atropelar um ser humano. É assim porque é assim. Ponto. Até aqueles ou aquelas cujo olhar para a vida é cético não duvidam do que o olhar de um animal diz, em especial o cachorro pela preferência nacional. Esse olhar pode dizer amor, carinho, medo, dor, raiva, solidão, tristeza, saudade, felicidade... Sentimentos tão humanos.
Quem "atropela" esses sentimentos está fazendo o quê? Com quem? Com um cachorro "apenas"?
A cena foi muito triste mesmo. Entendo que Oyà recebeu o cachorrinho e está cuidando dele.
Por outro lado (acho que ler muito Rubem Alves dá nisso), a morte revela a vida e, neste caso, teve também um lado bonito. Todas aquelas pessoas que ficaram ali, que pararam seus passos paulistas e foram dignas, solidárias e companheiras daquele animal, deixando um gesto bonito.... também para a Humanidade.
Espero que mais animais possam ser adotados, independente da raça, do pedigree. O ser humano tem muita dificuldade em entender que é descendente de uma mesma raça: a humana e assim cria subdivisões para si, estendende-as com valor social aos animais, é muita loucura mesmo. Mas existe quem pensa e age diferente.

Axé