quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Devo-te a carta.
Sei.
Mas entendas
Ela
Será parte de mim
Destinada
Mais uma vez a você.
Ela está para nascer.
Por enquanto
Dorme
Cresce
Estica-se
em águas quentes
E doces.
Irá chorar
Quando nascer.
Temerá o vôo.
Mas partirá
Erguida
Erguendo-se
Mais uma vez.
Me levando
Te levando
Nos guiando
Nesse sentimento
Intenso
Partido
Pulsante
Desvaiarado
Revirado
Recorte
Universo de nós dois.
Bem pequininha.

Bem pequininha, chorava e coube na minha mão. Levei-a para casa e me apaixonei.

Convivemos pouco tempo juntas, ela gostava que eu a chamasse pelo nome todo. Tive que a deixar com uma amiga para ser cuidada, pois eu estava adoecida, tornando-me fraca e dependente de um alguém.

Gostava a danadinha de correr pela Aldeia, era a última a voltar. Um dia um carro bateu na cabeça dela, formou um galo, teve sorte. Desde então era a primeira a chegar.

Espuleta, pulava, pulava, pulava e logo fazia amizade.

Meu coração apertado pedia sua presença de novo.

Mais uma vez ficamos no vácuo, com a vida cortada por um ato covarde.

Fui ver o significado de seu nome e não é que deu certinho, combinou com ela: que cantava com a voz, com o corpo, com o olhar e um olhinho sempre lacrimejando.

Me perdoa. Eu não estava com você.

Filomena, amiga da música.

domingo, 4 de julho de 2010

Luz

Na semana passada assisti o filme "Sempre ao seu lado" com Richard Gere.
O amigo que me emprestou disse que eu choraria, com certeza. Brinquei, falseando que meu coração era de pedra e aceitei a sugestão.
Confesso que subestimei o filme, imaginando... ah, tá bom é mais um daqueles que conta a história de uma amizade com um cãozinho, como sempre, muito leal, que acaba sozinho pelos incalços da vida. E assim, óbvio choraria mais uma vez.
Preciso dizer que me dei mal?
É uma das histórias mais lindas de amor que já 'presenciei' (agora peço licença para dizer que estou com saudades do Saramago e o amor de O memorial do Convento é único, incrível....).
Voltando ao filme. Hachi, o cão Akita, é amigo e isso não é tão simples assim, é raro. E o filme conseguiu abordar esse encantamento.
Outra confissão: passei dias triste e muito pensativa sobre o amor que os animais nutrem por nós.
Não poderia deixar de relembrar Saint Exupery quando, em o Pequeno Príncipe, diz "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Há uns dois meses, conseguimos salvar um cachorrinho que foi batizado com o nome Luz.
Ele estava todo machucado e tinha algo que nunca vi: vermes comendo sua pele, a tal de bicheira....
Pedimos ajuda à veterinária amiga e passamos dias cuidando, uma verdadeira aventura, já que ele fugia de nós, com medo que o machucássemos e depois com medo do remédio spray.
Uma amiga resolveu acolhê-lo para que quando estivesse curado, tentássemos encontrar alguém que o merecesse e o adotasse.
Um mês depois, Luz estava lindo, feliz e muito carinhoso com todos nós. Minha mãe fez uma visita especial e ficou encantada... E minha amiga e o companheiro já haviam decidido que eles mesmos o adotariam.
Luz gostava da liberdade e começou a escavocar a terra do quintal para ter uma passagem para a rua e dar suas voltinhas.
Alguém o viu e se "interessou". Interesse estranho, essa pessoa não procurou pelos meus amigos, apenas comentou com vizinhos que iria "roubá-lo".
Um dia, Luz desapareceu. Procura-se, procura-se e nada. Um vizinho relembrou o tal interessado e disse que Luz poderia estar preso no quintal dele.
Meus amigos foram até lá e o encontraram.
O quintal tinha cerca de arame farpado. E Luz se enforcara ao tentar voltar para casa.
Meus amigos deram-lhe o último carinho, enterram-no.
Demorei para falar de Luz. Achei que seria um conto feliz, mas demorei demais e, nesse momento, a dor fala mais alto.
Lembro do tamanhão dele, do seu fucinho grande e doce.
Lamentei não ter uma casa, ainda, com quintal grande, com mato, com Ipê, Jasmim e Cerejeira para que ele pudesse estar lá.
Estamos sem Luz.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Voltei a cantar e a dançar. Por enquanto, só para mim.
Sei que o tom tem estado muito intimista, mas é uma fase minha que desejo respeitar.
Estou confessando que tenho uma disposição imensa de amar e dificuldade em desapegar, mas a primeira confissão me atrai mais porque ela me dá algo que eu tenho e considero bom.
Adoro teus dreads, adoro mesmo.
Amo teu cheiro.
Voltei para o samba.
Adoro futebol e o meu Corinthians.
Que sede de viver eu tenho!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Terceira

Estive conversando até agora a pouco com uma amiga que não via há muito tempo, pois ela estava guardada em si mesmo.

Pensando nisso, na Virada Cultural encontrei uma pessoa que não via há muito tempo, guardada dentro de mim. Eu mesma.

Estivemos conversando sobre nós, sobre o outro. O outro que também, me parece, guardado em algum lugar pouco acessível.

Não me sinto inspirada para escrever hoje, mas com necessidade. Pois falamos sobre este blog e fiquei intrigada sobre se era preciso ou não fazer dele um espaço de debate, uma vez que não há como negar que às vezes podem surgir polêmicas.

Também fiquei pensando se debate precisa ter forma.

E não gosto da palavra debate, parece que nela precisa haver convencimento de um em detrimento de outro.

Deixo postado todos os comentários para que se pensem sobre eles.
É, amiga, estou me aproximando cada vez da terceira fase de Malcon, com todas suas dores e delícias.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Eu amo você, meu anjo.
É tudo que agora posso dizer com verdade.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Vale

Tenho ficado em silêncio. E começo a me ouvir melhor.

Conto-me dos sonhos a percorrer, das músicas inesquecíveis, mas deixadas de lado. Faço-me lembrar e gostar muito dos animais e das plantas. Tenho estado muito mais com Bibi, Zuri, Tatau e Tiriça. Sinto falta de Jassen, Filomena, Toquinho, Zuzu Angel, Hanna e tantos outros que passaram por minha vida. Tenho felicitado às plantas por seus brotos, vida e viva! Tenho amado mais as pessoas, tenho estado mais livre e tenho, em especial, me perdoado mais.

Estando em silêncio, pude perceber um olhar em minha direção e o recebi com alegria. Há muito tempo não sabia o que era isso.

Pois durante muito outro tempo, um turbilhão de sons desordenados ficou em minha mente, sons meus, sons dos outros, tudo misturado.

Estranhamente no silêncio tenho reencontrado, como já disse, minhas músicas prediletas ordenada com outros sons igualmente bons. Sons que me dizem: vale a pena essa vida.