quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Devo-te a carta.
Sei.
Mas entendas
Ela
Será parte de mim
Destinada
Mais uma vez a você.
Ela está para nascer.
Por enquanto
Dorme
Cresce
Estica-se
em águas quentes
E doces.
Irá chorar
Quando nascer.
Temerá o vôo.
Mas partirá
Erguida
Erguendo-se
Mais uma vez.
Me levando
Te levando
Nos guiando
Nesse sentimento
Intenso
Partido
Pulsante
Desvaiarado
Revirado
Recorte
Universo de nós dois.
Bem pequininha.

Bem pequininha, chorava e coube na minha mão. Levei-a para casa e me apaixonei.

Convivemos pouco tempo juntas, ela gostava que eu a chamasse pelo nome todo. Tive que a deixar com uma amiga para ser cuidada, pois eu estava adoecida, tornando-me fraca e dependente de um alguém.

Gostava a danadinha de correr pela Aldeia, era a última a voltar. Um dia um carro bateu na cabeça dela, formou um galo, teve sorte. Desde então era a primeira a chegar.

Espuleta, pulava, pulava, pulava e logo fazia amizade.

Meu coração apertado pedia sua presença de novo.

Mais uma vez ficamos no vácuo, com a vida cortada por um ato covarde.

Fui ver o significado de seu nome e não é que deu certinho, combinou com ela: que cantava com a voz, com o corpo, com o olhar e um olhinho sempre lacrimejando.

Me perdoa. Eu não estava com você.

Filomena, amiga da música.