sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Gestar


Realmente leva tempo. E quando o tempo é libriano então... nem se fale!

Parecia que o mundo iria desabar (agora é sensação de ventania que assusta, mas sempre gostei de vento).

E outras gestações aparecem: um texto, a esperança de Sankofa.

Tudo dará certo. É gestação.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Participei ontem da audiência pública na qual se discutiu o aumento escandaloso de homicídios em SP, em boa parte praticado por policiais ou com suspeita desses agentes estatais terem atuado (ou seja, a apurar).

Pela primeira vez na vida, ao longo dos 112 anos, vi familiares de pessoas mortas por pms e pms, lado a lado.

Depoimentos para lá de dramáticos, escabrosos mesmo. Avanços, considero, na medida em que se falava, em muitas vezes, das vidas ceifadas nessa guerra, ceifadas pela morte ou pela instituição que adoece gradativamente e enlouquecidamente aqueles e aquelas que nela adentram.

Vi também a velha atuação que promove a guerra em nome da paz, de ambos os lados, mas, grifo e grito: não todos, mas alguns nessa atuação.

Vi uma vontade real de mudar a situação, propostas novas e profissionais, eticamente comprometidas, por parte da Defensoria Pública.

Tenho dito e digo mesmo que uma esperança tem me ajudado e nasce de ver movimentos sociais ressurgirem (quero dizer, movimento, não o que se tornaram as ongs, talvez estáticas, sei lá). Pensativa.

Adentrávamos. Estávamos vestidos de branco, muito bonitos. Você à frente e eu, encantada, te seguia. Acordei feliz e a visão veio sem avisar, repentinamente. E fiquei brava por me sentir feliz pela sua presença.
Ontem, ao passear pelo meu bairro, tranquilamente, embora o horário paulista me azucrinasse, "abestaiada" como sempre, olhei para o alto e vi, eu vi, um pé de mamão!!!!! Cheinho de mamões!!!! E não é que, de repente, estava criança correndo em Crato, Ceará. Lembrança boa. Veio-me à mente o poço, Nino (o gato) e o cheiro daquele lugar bom.

sábado, 2 de junho de 2012

Eu escrevo para quem não me lê.

E fico perguntando onde vc está. E procurando (esse gerúndio que não se acaba) um significado para tudo.

Se eu chegar a ficar velhinha, do que me lembrarei? É tudo tão sem sentido, podem até me achar caduca sem ser. Talvez seja a melhor época para falar livremente, gente caduca não se importa muito com o ouvinte e sim com o falar.

Talvez conte que eu limpava a tenda toda, decorava-a com recortes de revista, perfumava-a para você chegar, mas, antes da tua chegava, já me desculpava por não limpar a casa.

Talvez conte das coincidências que recortaram nossa vida.

Talvez eu revele que há muito sentia que não estava comigo, que após tantas ocasiões, senti a solidão da tua presença.

Sei que agradecerei a generosidade da vida comigo.

Ah, talvez ralhe porque você não se aproximava dos meus cachorros. Ralhe porque com tua partida levaste minha vontade de falar de tantas coisas, contar de África como outrora.

Já terei plantado uma árvore e espero que ela esteja um tanto crescidinha para me ouvir, ouvir os risos dos meus filhos, netos, com as histórias tão sem sentido que terei para contar.


Tantas coisas acontecem ao mesmo tempo.
Falei agora a pouco de ti, mais uma vez, que você não gostaria, é provável, da música que me faz lembrar de ti. Você a acharia brega,  mas cantaria e ria, ao mesmo tempo, daí capaz de você rir e gostar também. Contei que não reencadernarei mais.
Centenas de crianças estão sendo mortas na Síria. Integrei um abaixo assinado.
Dilma não vetou totalmente o maldito Projeto Lei de Reforma do Código Florestal.
Fecharam o Sarau do Binho. Disse a Cris Moscou que vivemos uma espécie de Ditadura.
Um amigo me contou como foi o ritual de dar-lhe o nome, ele é angolano. Lindo.
Minha irmã contou que uma fábrica fechou e o casal de cachorrinhos ficou lá pra trás. Mais uma luta.
Estudei, enfrentando muitas batalhas, e não passei AINDA na Defensoria Pública. Este ainda significa que conseguirei.
Estou na batalha, tentando apoiar o andamento do caso Zulmira. Veremos. Fiz as propostas. Espero que se junte, o grupo angolano, a quem os possa apoiar realmente.
Toda vez volta ao meu pensamento a peça "Além do ponto" da Cia Os Crespos para as situações que são apresentadas a nós. Ela desnuda, alerta.
Pintei nove unhas da mãos de vermelho e deixei uma amarela.

terça-feira, 3 de abril de 2012

É que hoje me dei conta.
Não posso dizer que só hoje me dei conta, não seria verdadeiro começar assim.
Hoje me dei conta de um jeito diferente.
G.
Vazio que não se preenche porque não tem como se preencher.
História secular, milenar.
Entendi que tudo já está encerrado para este momento.
Só eu que fiquei diante da porta como se ela pudesse se abrir, estar entreaberta, desmorar-se.
Só eu.
Eu só.

http://www.youtube.com/watch?v=RtdNeCmpquY