sábado, 2 de junho de 2012

Eu escrevo para quem não me lê.

E fico perguntando onde vc está. E procurando (esse gerúndio que não se acaba) um significado para tudo.

Se eu chegar a ficar velhinha, do que me lembrarei? É tudo tão sem sentido, podem até me achar caduca sem ser. Talvez seja a melhor época para falar livremente, gente caduca não se importa muito com o ouvinte e sim com o falar.

Talvez conte que eu limpava a tenda toda, decorava-a com recortes de revista, perfumava-a para você chegar, mas, antes da tua chegava, já me desculpava por não limpar a casa.

Talvez conte das coincidências que recortaram nossa vida.

Talvez eu revele que há muito sentia que não estava comigo, que após tantas ocasiões, senti a solidão da tua presença.

Sei que agradecerei a generosidade da vida comigo.

Ah, talvez ralhe porque você não se aproximava dos meus cachorros. Ralhe porque com tua partida levaste minha vontade de falar de tantas coisas, contar de África como outrora.

Já terei plantado uma árvore e espero que ela esteja um tanto crescidinha para me ouvir, ouvir os risos dos meus filhos, netos, com as histórias tão sem sentido que terei para contar.


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